Em parceria com o autor araranguaense, Nivaldo Joaquim, o blog +A Casa do Leitor lança a resenha do livro Cadeira de Balanço. Araranguá é a cidade natal deste blogueiro, e como forma de mostrar os talentos da minha terra, li em primeira mão o segundo livro da carreira do escritor, que lançou em 2010 um sobre poesias. Já no dia 30 de agosto de 2013, na Bienal do livro, no Rio de Janeiro, marcou o lançamento do Cadeira de Balanço. A seguir você confere a resenha do livro e uma entrevista exclusiva com o autor para o blog.
O livro é dividido em cinco contos, no qual cada um aborda assuntos que estão presentes na realidade da nossa sociedade, mas que muitas vezes são camuflados. São eles: exploração sexual, bulimia e anorexia, bullying, violência e violência doméstica. Todos as histórias são contados por Luz, uma intrigante personagem, que lembra grandes sábios da literatura, como Gandalf e Dumbledore (ao menos no quesito sabedoria). Porém neste caso, em vez de ser um homem velhinho misterioso, desta vez é uma senhora sentada em uma cadeira de balanço, esperando alguém para ouvir os contos de Estela, Clara, Letícia, Silvana e Ruth.
Nivaldo Joaquim lançou "Cadeira de Balanço" na Bienal do Livro no Rio de Janeiro |
O livro começa com o personagem principal, Michel Strass, cavalgando pelo mundo em companhia de um cavalo chamado Bragado. Um fato marcante no livro está na opção do autor não apresentar referências de local, como nome da cidade em que o personagem se encontra. Deixando o caminho livre para o leitor imaginar a cidade que mais se parece com a descrita.
E este lugar é uma cidade do interior. Michel avista uma senhora balançando-se em uma cadeira na varanda de uma simpática casa. Como quem não quer nada, ele decide conversar com a simpática senhora chamada Luz. Com cinco cartas em mãos, ela diz estar esperando a sua pequena, que na cabeça de Michel, é uma criança.
Livros de poemas: Sonhos e Ilusões foi o primeiro lançado pelo autor |
A seguir, uma breve descrição dos cinco contos:
Estela: este conto relata a vida de uma jovem, que mora em uma cidade litorânea do Brasil (segundo o autor, ele imaginou uma cidade do nordeste), Estela sonha em ser dançarina. Trabalhadora, passa os dias atendendo em um kiosk a beira da praia, quando um espanhol oferece uma oportunidade de ser dançarina na Espanha. Neste conto, o autor aborda a exploração sexual no exterior.
Citação: "[...] devemos acreditar em nossos sonhos, correr atrás deles, mas tomar cuidado com os caminhos e os caminhantes desta vida.", diz Luz a Michel ao fim do primeiro conto, p. 30.
Citação: "[...] estava estudando para poder ajudar as pessoas a encontrar acalento quando precisavam de um médico. Sempre vejo muitos médicos apenas trabalhando pelo dinheiro, sem ter o carinho que faz curar mais do que muitos remédios.", p. 33.
Citação: "Assim que chegaram foram morar em uma república, com muitas outras meninas nas mesmas condições: longe das famílias, dos amigos, mas perto dos sonhos, dos desafios e quem sabe das vitórias. mas como todo desafio pode, ao invés da vitória, se tornar em derrota, estava, da mesma forma perto dela.", p. 46.
Citação: "[...] jamais desista de seus sonhos. Todos merecem chegar aonde se almeja. Vá sempre em frente nunca pare, por mais difícil que seja seguir em frente. Siga.", p. 64.
Citação: "Muito se fala de violência nas ruas, nas estradas, mas esquecem de que o número de mulheres e crianças agredidas dentro de seus lares é enorme. É uma violência silenciosa, onde o agressor intimida diariamente suas vítimas, impedindo um maior numero de denúncias.", p. 101.
Sinopse:
Cadeira de Balanço é o rememorar de fatos, é a lembrança clara de vários momentos que vão lentamente voltando a tona, ganhando espaço na vida de uma mulher que vai os tecendo à medida que os relembra, levando-nos em muitos momentos a perguntar se tudo isso é real e se somos parte desse enredo que, com sua verossimilhança, nos deixa com a impressão de termos vivido parte dessa história.
A vida que
Nivaldo Joaquim empresta a cada um dos seus personagens marca o desenvolvimento
da trama. Nesse instante, a obra ganha fôlego e segura o leitor, e o ritmo vai
num crescendo constante... e a vida ganha espaço, a cumplicidade se instala em
definitivo.
Cadeira de
Balanço nos apresenta contos supostamente vividos por uma única pessoa, sob uma
aura de mistério, deixado transparecer por Luz, uma mulher que traz na face a
marca do tempo e que expõe a emoção da sua verdade e da sua alma e nos mostra
segredos e sabedorias de quem já viveu muito. Superação é a palavra que norteia
toda a obra, é a chave que abre a porta dos sonhos e da realidade. Essa chave
está nas mãos de Luz, que passa como um presente a Michael, e ambos, sentados
nessa Cadeira de Balanço, têm uma visão maior do mundo.
Retirado da contra capa do livro.
Retirado da contra capa do livro.
Entrevista
A Casa do Leitor: Esta é sua
segunda experiência no mundo literário. Como você se vê no segundo livro em relação
ao primeiro que escreveu?
R: São duas
situações bem distintas, o primeiro era mais voltado as coisas que ocorriam
diretamente comigo ou muito próximo, o segundo entretanto, abrange um universo
maior, relatando situações que envolve mais pessoas.
A Casa do Leitor: Fale um
pouco do seu primeiro livro!
R: Sonhos e
Ilusões apresenta 46 textos (poesias e contos) são criados na maioria deles de
situações vividas, algumas imaginadas,
outras, talvez, apenas sonhadas. Nesta primeira obra é relatado alguns
problemas sociais, fala de amor, natureza, amizade, tem um especial para minha
filha Yara. São textos independentes, sem ligação ente si.
A Casa do Leitor: No que você se inspirou para escrever Cadeira de Balanço?
A Casa do Leitor: No que você se inspirou para escrever Cadeira de Balanço?
R: Logo após
terminar de escrever Sonhos e Ilusões tive a inspiração de escrever algo sobre
exploração sexual, isso antes mesmo de uma novela recentemente veiculada na TV. Porém enquanto escrevia esta parte, li a obra "Minha vidas passadas. À
limpo" de Mário Prata, onde ele faz uma regressão e relata suas vidas
passadas. Neste dia eu percebi que poderia utilizar aquela estrutura de livro e
montar um com temas atuais, ai foram surgindo os contos do "Cadeira de
Balanço".
A Casa do Leitor: Sobre os
contos.. neles você colocou algo de sua vida pessoal?
R: Duas
situações são reais no "Cadeira de Balanço", o nome do cavalo em que
Michel cavalga, Bragado era nosso cavalo, ele ficou com nossa família por muito
anos. Outro fato é o relato do assalto a um banco. Isso de fato ocorreu em
Criciúma, não lembro exatamente quando, mas meu irmão que é policial militar me
comentou sobre o caso e quando fui escrever sobre a Silvana me veio em mente
esta história e decidi relatá-la no livro.
Claro, omitindo os verdadeiros nomes do policiais mortos na operação (mesmo
porque não os conheci). Um fato, digamos, instigante é que eu não sabia o nome
da rua onde de fato ocorreu o assalto e ao relatar escrevi o nome real da rua
"XV de Novembro". Pura coincidência.
A Casa do Leitor: Sobre os
personagens, o que Michel está procurando? Ele é uma especie de viajante do
mundo?
R: Exatamente, ele deixa sua família e amigos, toma seu cavalo Bragado e sai mundo afora em busca de novos aventuras, novas culturas. E num dos trechos desta sua viagem ele encontra Luz.
A Casa do Leitor: Nesta pergunta, se coloque como leitor de Cadeira de Balanço e esqueça por agora, que foi você que escreveu o livro. Em sua opinião, Luz, ela é um espírito, uma presença ou a imaginação de Michel?
R: Eu acho que foi uma experiência espiritual do Michel. Luz havia morado lá e ele a encontrou com um único propósito, aprender um pouco mais sobre as armadilhas da vida. Feito isso ele volta ao mundo real e segue sua jornada, mesmo sem entender direito o que ocorreu com ele, mas as lições ele levou consigo.
A Casa do Leitor: Quais as principais mensagens que o livro passa, e por que você escolheu estas mensagens para passar por meio do seu livro? (teve alguma relação com sua vida pessoal?)
R: Creio que a principal mensagem é que mesmo com todas as dificuldades é possível se reerguer, retomar a caminhada, não desistir. Como dizia Santa Paulina "Nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários." Então podemos elencar como mensagens principais: Superação, amor, perdão, compaixão.
As escolhi,
se é que foi eu que fiz as escolhas, pois o mundo precisa tanto de mensagens
que nos fortaleçam, nos orientem e mostrem que é possível retomar a caminhada e
vencer. Se teve alguma relação com minha vida, certamente, pois todos os dias
passamos por situações difíceis que exigem uma decisão rápida e segura:
"superar" esta é minha decisão.
A Casa do Leitor: Quando você terminou de escrever o livro, não ficou preocupado que os leitores ficassem muito curiosos tentando descobrir do que se trata a personagem Luz?
R: Na verdade esta era a intensão, deixar o leitor curioso e ele mesmo decidir quem era Luz, pois mesmo na literatura as coisas não precisam vir prontas, cada um pode e deve descobrir em si mesmo uma opinião sobre determinados assuntos. Luz é um destes assuntos que o leitor terá o prazer de criar sua conclusão. "Quem era mesmo Luz?".
Opinião:
Gostei muito de ter a oportunidade de ler o livro Cadeira de Balanço. Agradeço ao autor Nivaldo Joaquim por fornecer o livro em primeira mão para a publicação desta resenha. Destaco aqui a personagem Luz, que muito me intrigou e deixou com uma pulga atrás da orelha. Ela realmente existiu ou foi imaginação de Michel? Aí cabe a cada um imaginar, como leitor, sua versão. A minha eu já imaginei, mas não vou contar, pois cabe a cada um ter sua versão desta história. No mais, recomendo a leitura, além de ser super rápido (o que é uma pena, pois os contos envolvem o leitor), pois o livro conta com 104 páginas, o aprendizado que fica é o mais importante.
Avaliação d+A Casa do Leitor: quatro estrelas (de cinco)
Onde comprar:
http://nivajoaquim.blogspot.com.br/
Os livros do autor também estão cadastrados no Skoob:
Cadeira de Balanço
Sonhos e Ilusões
Além disso você poderá conferir alguns pensamentos do autor neste site:
http://pensador.uol.com.br/autor/nivaldo_joaquim/
Até a próxima resenha leitores!
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